Marcelo Camargo / Agência Brasil))

Morador do bairro Jardim das Margaridas, o desenvolvedor web Evandro Nascimento, 29 anos, evita ir às compras quando está com fome. Além disso, faz questão de providenciar uma listinha de compras com o objetivo de ser mais rápido e evitar levar itens desnecessários para casa. Medidas simples, como estas, contribuem para que os princípios da sustentabilidade sejam adotados no supermercado – práticas que fazem bem tanto para o meio ambiente como para o bolso. “Em vez de sacolas plásticas, utilizo caixas que trago da minha residência para levar os alimentos”, conta Evandro.

Na opinião dele, embora a consciência deva vir também do consumidor, muitos acabam preferindo as sacolas justamente por reclamarem do preço das ecobags (reutilizáveis). “Elas não custam pouco, e por isso muitos desistem”, acredita o programador. Em uma consulta a três redes de supermercados de Salvador, a reportagem constatou que os modelos e preços são os mais variados possíveis, e custam, em média, de R$ 15 a R$ 60.

A atriz Christina Buskas, 31 anos, admite que não costuma ter hábitos considerados ambientalmente corretos quando vai ao supermercado. “Muitas vezes me falta tempo, por conta da rotina apertada, às vezes por desorganização também. Mas sou ciente que é o certo a se fazer e às vezes até consigo”, pondera a moradora do Corredor da Vitória. “Uso sacolas plásticas por falta de organização, praticidade e pressa”, confessa.

Poder

Para Helio Mattar, diretor presidente do Instituto Akatu, organização não governamental que é uma das principais autoridades do País em consumo consciente, pessoas como Evandro, Christina, ele, você e eu temos um grande poder em mãos, embora nem sempre tenhamos consciência disso. “Por meio de escolhas cotidianas de consumo, o consumidor pode contribuir para gerar os melhores impactos no meio ambiente, na economia, na sociedade e no seu próprio bem-estar”, defende Hélio.

O especialista sugere que o consumidor faça para si seis perguntas básicas quando for às compras: 1) Por que comprar; 2) O que comprar?; 3) Como comprar?; 4) De quem comprar?; 5) Como usar?; e 6) Como descartar?.

“É importante levar em consideração critérios como a qualidade, a durabilidade e a segurança do produto, além do seu preço. Não se deixar levar por modismos e preferir um produto mais durável, que será útil por mais tempo e que permitirá levar mais tempo até que uma nova compra venha a ser necessária no futuro”, explica.

Sacolas plásticas fazem são das maiores inimigas do meio ambiente, são feitas de produtos químicos derivados do petróleo e sobrecarregam lixões(foto: Fernando Carvalho / Fots Públicas)

Alternativas

Evitar o uso de sacolas plásticas é importante porque elas, nocivas ao meio ambiente, derivam de produtos químicos como o petróleo, sobrecarregam aterros sanitários e lixões e terminam muitas vezes no fundo do mar, onde são ingeridas por inúmeras espécies, a exemplo das tartarugas. Esse tipo de produto chega a demorar séculos para se decompor. Algumas redes de supermercados disponibilizam sacolinhas biodegradáveis, que causam menos impactos. “Não se esqueça de levar uma sacola reutilizável ou caixas para dispensar as descartáveis”, orienta o presidente do Akatu.

Por outro lado, prefira sempre os alimentos orgânicos. Eles dispensam o uso de agrotóxicos, que segundo inúmeros estudos científicos podem causar contaminação e complicações à saúde humana. Embora costumem custar mais do que os produtos convencionais, sobretudo nos supermercados, as feiras livres disponibilizam opções com preços mais acessíveis.

O CORREIO Sustentabilidade listou, com base em informações do Instituto EcoDesenvolvimento, outra organização especializada no tema do consumo consciente, dez dicas para você ser mais sustentável no supermercado. Veja abaixo e as considere na sua próximai da ao supermercado.

1 – Faça uma lista de compras

Nos dias de hoje, somos incentivados a consumir o tempo todo. Por isso, muitas vezes compramos mais do que realmente precisamos. Para evitar esse consumo abusivo, a melhor dica é fazer uma lista de compras antes de ir ao supermercado. Isso evita aqueles impulsos de levar coisas desnecessárias, como uma bebida que você nem gosta tanto ou um pacote de salgadinhos que engorda e faz mal à saúde.

2 – Se alimente antes

Parece óbvio, mas é pura verdade. Um estudo mostra que pessoas com fome compram mais comida. Compras desnecessárias tendem a gerar mais lixo e desperdício. Por isso, faça um lanche ou uma refeição e não vá às compras de barriga vazia. Bem alimentado e com a ajuda de uma lista de compras fica mais fácil comprar somente o que for preciso, pôr em prática o consumo consciente e evitar gastos desnecessários.

3 – Evite as compras de mês

Em vez de ir uma vez só ao supermercado e comprar um estoque mensal de alimentos, prefira ir quinzenal ou semanalmente. Deste modo você evita comprar produtos que perderão a validade e acabarão no lixo. Você ainda pode aproveitar e retornar um hábito comum aos nossos pais e avós, mas pouco valorizado nos dias de hoje: as feiras livres. Ali você pode encontrar uma variedade maior de produtos, muito mais saudáveis e saborosos. Mas não se esqueça de comprar apenas o necessário para o seu consumo e o da sua família até a próxima feira.

4 – Faça supermercado pela internet

Muitas redes de supermercados já dispõem de serviços de compras pela internet. Se o seu já tiver, use-o. Além de seguro, o serviço poupa combustível (já que a entrega normalmente é sincronizada e feita de uma vez só, por um único veículo), tempo, dinheiro e estresse. Apenas evite pedir produtos com entrega para o dia seguinte, já que isso geralmente consome muita energia. Também tente fazer as encomendas junto com parentes, amigos e vizinhos. Isso evitará mais gastos com entrega e viagens desnecessárias.

5 – Compre a granel

Em vez de comprar alimentos em embalagens padronizadas, experimente comprar somente a quantidade que você precisa. Além de evitar as embalagens descartáveis, você reduz o desperdício ao levar para casa apenas o que precisa. Diversas feiras e supermercado dão a opção de compra a granel e alguns são até mais baratos que os tradicionais. É possível inclusive encontrar alimentos orgânicos vendidos em quantidade individual e com preços bem acessíveis. Outra dica é utilizar embalagens retornáveis (como aqueles sacos plásticos vedáveis) e utilizá-los sempre que for comprar determinado produto.

6 – Prefira alimentos sazonais, orgânicos e locais

A natureza não produz bananas ou melancias o ano inteiro. Então de que forma é possível encontrar sempre as mesmas hortaliças, legumes, verduras e frutas nos supermercados? Ora, cultivando de maneira a induzir a frutificação, o que significa usar uma grande quantidade de água e agrotóxicos e lançar poluentes no solo. Na feira, portanto, fique atento à temporada e compre somente o que estiver dentro da estação. Sempre que possível, procure comprar alimentos orgânicos. Eles normalmente trazem um selo de garantia e foram cultivados naturalmente, sem nenhum tipo de inseticida ou modificação genética. Fazem bem à saúde e são mais saborosos. Diversos estudos demonstram que a exposição humana a pesticidas pode causar problemas neurológicos, vários tipos de câncer, danos ao sistema imunológico e redução na fertilidade. Além disso, os agrotóxicos também contaminam a água e o solo. Também prefira os alimentos que são cultivados dentro do perímetro da sua região para estimular os produtores locais e diminuir o carbono lançado na atmosfera durante o transporte dos alimentos.

7 – Não compre produtos de empresas irresponsáveis

Como consumidores, nós temos um grande poder de influenciar e mudar as práticas das empresas. Ao comprar produtos de marcas que agem de forma consciente e sustentável e que respeitam o meio ambiente, a cultura e a comunidade, e ao boicotar aquelas que atuam de forma oposta, você estará ajudando a mudar a realidade. Grandes empresas já sofreram boicote e viram seus produtos serem deixados nas prateleiras como forma de protesto dos seus consumidores. Entre as críticas mais comuns – e motivos para boicotes – estão as péssimas condições trabalhistas às quais estão sujeitos os empregados (algumas vezes, até crianças) e a degradação ambiental causadas pelos seus produtos.

8 – Não manipule alimentos na hora da escolha

Toda vez que você manipula algum alimento, como frutas, verduras e legumes, você reduz a sua vida útil e aumenta as chances de desperdício. Por isso, evite ao máximo o contato na hora da escolha. Quando for à feira ou ao supermercado, escolha com os olhos e pegue nos alimentos somente depois que decidir qual irá levar.

9 – Recuse sacolas plásticas

Se for comprar pouca coisa, recuse a sacola plástica e leve os produtos em uma ecobag ou em uma bolsa ou mochila, assim você reduz o consumo de plástico e vira um propagador da consciência ambiental. Não deixe de explicar por que você está abrindo mão da sacolinha plástica e mostre que é possível carregar suas compras sem consumir mais plástico. E se as compras foram grandes, opte por ecobags resistentes, caixotes ou carrinhos, ajudando a preservar o planeta.

10 – Cozinhe em quantidade e congele

Quando já estiver em casa com suas compras, separe um dia para preparar várias refeições para todo o mês ou a semana. Depois basta guardá-las no freezer e reaquece-las no dia do consumo. Essa prática ajuda a economizar ingredientes e energia. Os processos de descongelar e esquentar são mais econômicos do que se você fosse preparar todo o alimento de novo. Cada vez que você vai para a cozinha preparar uma refeição você consome uma enorme quantidade de água, eletricidade (geladeira, micro-ondas, liquidificadores), gás e também de alimentos, já que sempre sobra um pedaço de legume ou um punhado de tempero que termina no lixo. Fazer tudo de uma vez evita esse tipo de desperdício e ainda poupa tempo para os próximos dias.

Fonte: Correio 24 horas

 

 

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