Na série compostagem já aprendemos que esse processo pode ser feito em casa através da composteira domestica ou minhocário, em eventos ou em larga escala por empresas. Agora vamos contar um pouco sobre compostagem em organizações, empresas, comércios, clubes, condomínios, etc… a chamada compostagem institucional.
A compostagem institucional é realizada em organizações públicas, privadas ou do terceiro setor que tratam os resíduos orgânicos na própria sede. Os métodos mais comuns são o minhocário e as leiras estáticas. O minhocário permite a compostagem somente de frutas, legumes, cascas de ovos e café. A leira estática permite a compostagem de todos os tipos de resíduos orgânicos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos previu, no art. 36, inciso V, a necessidade de implantação “de sistemas de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articulação com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido”. Dessa forma já resolvemos de forma local a geração de resíduos orgânicos e ficamos com um gostoso desafio: o que fazer com o adubo (composto) gerado no processo.
Cada vez mais empresas tem descoberto os benefícios de realizar compostagem in loco. Os resíduos orgânicos principalmente dos refeitórios são tradados no local, dispensando a coleta. Assim, esse material não precisa ser transportado até um aterro, reduzindo a emissão de gases efeito estufa (GEEs). Se a empresa tem a necessidade de elaborar o Inventário de Emissões de GGEs a compostagem é uma grande aliada para reduzir as emissões.
Outra vantagem é a que o processo de compostagem gera adubo como produto, o que incentiva a criação de horta para alimentação dos colaboradores. Em condomínios que realizam compostagem institucional o adubo é utilizado no paisagismo, trazendo redução de custos de manutenção para os condôminos.
Julio Neto, permacultor e gestor da Casa Jaya, conta que a compostagem nos faz voltar a enxergar os processos como cíclicos e não como lineares: “Não existe jogar fora, temos que nos responsabilizar pelo descarte das nossas sobras”. Os resultados desse pensamento são impressionantes. “Produzimos quase uma tonelada de adubo por mês que entregamos para nossos fornecedores de produtos orgânicos, realizando logística reversa” E as interações não param por aí. “Também produzimos um biofertilizante líquido que doamos aos clientes para levarem para suas casas”. Tanto o húmus como o biofertilizante são utilizados nos jardins e na horta da Casa Jaya.
A compostagem institucional em escolas, clubes, ONGs e outras instituições é uma excelente ferramenta para educação ambiental. O contato de crianças e adultos com o solo, vida biológica, terra e alimentos causa uma transformação empírica na formação das pessoas. As experiências nesses ambientes educacionais tem potencial de formação de multiplicadores alem de trazer prática a vários conteúdos teóricos dos planos pedagógicos.
Comece hoje mesmo! Sugira compostagem na próxima reunião de condomínio para seu prédio, converse na escola do seu filho ou veja com o departamento de sustentabilidade da empresa. Vamos juntos recuperar todo o potencial dos resíduos orgânicos e multiplicar jardins e hortas por aí…??
Por Marina Teles
Especialista em sustentabilidade e apaixonada por soluções de resiliência eco-social