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A inconsciência que degrada, a arte que transforma

Matéria por Ana Rocha

O meio ambiente e o resíduo

Concordamos que nos últimos 30 anos a humanidade evoluiu em vários aspectos importantes para a nossa sobrevivência. Não podemos dizer que possuímos pouca quantidade de informação sobre como tratar o nosso lixo, já que a internet dispõe de uma tonelada de informações válidas e práticas de como proceder com os nossos descartes. Infelizmente essa tonelada de informações ainda não são suficientes para que proporcionemos o devido fim aos nossos despojos. 

Todo trabalhador brasileiro tem falta de tempo, mas é uma falta aceitável: afinal temos que criar nossos filhos e pagar as contas.  A vida  de pessoas que trabalham de 8 à 15 horas por dia foi facilitada pela criação das comidas prontas, enlatadas e fast-food que vem em quantidades perfeitas para uma pessoa, em embalagens descartáveis; tudo para a facilidade das refeições.

Essa grande quantidade de rejeitos que nem sempre são biodegradáveis são muitas vezes despejados de maneira errada no meio ambiente. 

Chego então à seguinte conclusão: até que ponto a nossa falta de tempo, desculpa pessoal de que não somos culpados ou que nossas atitudes não mudarão nada, serão aceitáveis pela natureza? O quanto mais ela suportar?

Questiono também: e o amor ao próximo?  Toda rua tem um morador cujo trabalho se dá por revirar os lixos em busca de recicláveis para vender e sobreviver, poderíamos então tornar o trabalho dessa pessoa mais digno com a simples ação de separar o lixo reciclável.

Minha história

Aos 17 anos assisti uma aula de geografia e o tema principal era o lixo e como ele tem degradado o nosso meio ambiente. Neste momento conheci pela primeira vez as famosas ilhas de lixo plástico nos oceanos. 

Fiquei desnorteada ao reparar e identificar o quanto eu e minha família estávamos contribuindo para esse cenário de uma forma inconsciente. Afinal, na correria do dia a dia não há tempo para pensar na nossa garrafa de água que vai parar no oceano ou no solo e que demora entre 200 e 600 anos para se decompor.

Ali eu despertei da inconsciência que eu vivia e não quis mais fazer parte dessa crueldade contra o meio ambiente, é isso que a humanidade tem feito, desprezado o cuidado com o meio ambiente. 

Ana Rocha, artista plástica.

Indagações e a arte

A falta de respeito com a natureza já tem nos custado caro. Somos instruídos a respeitar os mais velhos, bom, se a natureza já estava aqui quando nascemos, então não deveríamos respeitá-la também? 

Desculpas às vezes não são o suficiente, o meio ambiente tem feito isso conosco, a cada ano, a cada década, a cada século ele vem nos desculpando e tentando sobreviver ao caos que nós temos criado; Mas me pergunto: até quando?

Tudo na vida tem um limite a ser atingido e se a humanidade continuar na inconsciência, na inércia e no pouco caso,  iremos atingir o limite da natureza e quando isso acontecer me pergunto o que será da humanidade. 

Fui agraciada com o dom da arte e aos 22 anos eu comecei a usar o lixo nas minhas obras.

Arte feita a partir do uso de materiais recicláveis

Desde então eu não parei nos simples reciclados. Com exceção das latinhas de alumínio, o vidro e o lixo orgânico, uso tudo o que me vier às mãos. Isso me possibilitou realizar um outro sonho de criança: fazer com que a minha arte fosse acessível aos deficientes visuais.

Na finalização das obras, os relevos e saliências permitem que, através do toque, uma pessoa cega consiga distinguir as formas, quebrando, assim, mais uma barreira para o deficiente visual.

Sobre a inclusão e o futuro

Há uns três anos comecei a ir em escolas públicas para fazer amostras do meu trabalho e dar palestras para as crianças sobre a importância da reciclagem e como podemos levar uma vida mais sustentável.

Falo também de como é válido nos importarmos com os outros e pensar em como podemos incluir as pessoas que são portadoras de deficiência no nosso meio, afinal, suas limitações físicas ou mentais não deveriam fazer com que fossem consideradas inferiores. 

Acredito que as crianças são o futuro, assim como elas aprendem a ler e nunca mais esquecem, quando ensinamos princípios, responsabilidades e respeito ao próximo elas também nunca irão esquecer. Todos nós temos algo para oferecer tanto a humidade como ao meio ambiente, mas para que saia do papel devemos nos importar um pouco mais uns com os outros, deixando de focar só nos nossos problemas pessoais e olhar um pouco para o próximo, tendo a consciência de que tudo o que plantamos, vamos colher, então que o amor seja semeado nos corações e a consciência seja despertada.

Afinal o plantio é uma escolha, mas a colheita é certa.

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