Qualquer tipo de negócio é um potencial gerador de resíduos, uma vez que estamos constantemente utilizando materiais e consumindo alimentos em nossas atividades diárias. Acabar com os impactos negativos da geração de lixo é um desafio e tanto, porém, de alguma forma, essas atividades podem ser mitigadas e gerar impactos positivos de âmbito social, econômico e ambiental.

Fazer a gestão de resíduos em uma empresa ou instituição que gere grandes volumes ou mesmo lidar com poucos resíduos gerados em um breve evento não é uma tarefa tão simples quanto possa parecer.

A ação mais comum adotada na gestão de resíduos sólidos é contratar um serviço de armazenamento e transporte onde todos os resíduos são depositados e enviados para um aterro sanitário. Sem dúvida essa é uma solução rápida, segura e que atende às exigências da lei. Mas será, que no contexto atual, isso é tudo o que uma empresa, que busca ser responsável e comprometida com seu impacto social e ambiental, gostaria ou poderia  fazer? E ainda, quais seriam outras soluções que poderiam agregar valor ao seu negócio?  

Primeiramente, quando se fala em contexto atual, é importante entender sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil.

Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil

Apesar de grande parte dos resíduos sólidos gerados em empresas e eventos serem potencialmente recicláveis ou compostáveis, sua grande maioria ainda é destinada ao aterro.

Nos últimos anos percebeu-se que o esgotamento dos aterros sanitários por todo o Brasil está próximo. Assim, no ano de 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A política impõe aos grandes geradores que os resíduos potencialmente recicláveis tenham uma destinação final ambientalmente adequada e que apenas o que é considerado rejeito seja destinado aos aterros sanitários.

Além de retardar o esgotamento dos aterros, a destinação correta evita: a proliferação de vetores como ratos, baratas e moscas; a produção de chorume e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes dos próprios resíduos; e da queima de combustível dos caminhões de lixo.

O que fazer?

Evitar completamente a produção dos resíduos é uma tarefa bastante difícil, mas podemos tomar determinadas medidas para que seu tratamento e destino causem menos impacto ao meio ambiente e promovam benefícios ambientais, sociais e econômicos.

As empresas e instituições estão buscando evoluir nesse sentido, mas se deparam com alguns obstáculos. Desde dificuldades para implementar a coleta seletiva, como falta de informação e conscientização das pessoas em depositar os resíduos nos locais corretos, passando pela complexidade em lidar com diferentes prestadores de serviços com diferentes graus de profissionalização e a falta de soluções disponíveis para fazer o manejo rápido e seguro do resíduo orgânico.  

A busca por uma solução com maior impacto positivo e geração de valor, passa pelo entendimento de que não basta uma abordagem isolada para a destinação dos resíduos. É necessário uma visão que abrange o planejamento estratégico do uso de materiais, ações de educação, sensibilização e comunicação, e estabelecer uma rede de parceiros eficiente que re-incorpore os materiais recicláveis na cadeia produtiva e explore o potencial dos resíduos orgânicos. Ou seja, isso significa mudar completamente a relação que hoje temos com o que chamamos de lixo.

Para compartilhar essa visão sobre a gestão de resíduos sólidos de uma forma simples e prática, criamos o Movimento Sou Resíduo Zero.

Sobre o Movimento Sou Resíduo Zero

O Movimento Sou Resíduo Zero surge com o objetivo de engajar pessoas, comunidades e empresas a planejarem e gerenciarem seus resíduos, enfatizando a não geração e uma grande mudança na forma atual do fluxo de materiais na sociedade, deixando um legado positivo às gerações futuras.

Queremos disseminar cada vez mais o conceito e boas práticas relacionadas com os resíduos sólidos, fazer com que a comunidade repense o modelo atual de consumo e atribuir valor aos resíduos através de novas atitudes, como: escolha consciente dos materiais, destinação de materiais para reciclagem e compostagem.

Esse novo olhar sobre os resíduos surge na Califórnia no início dos anos 2000 através da Zero Waste International Alliance (ZWIA), vista como um marco na maneira de gerenciar e tratar os resíduos e principal inspiração para o Movimento Sou Resíduo Zero. Esse foi o momento em que grupos mostraram-se preocupadas com a destinação e geração de resíduos e se empenharam em disseminar suas práticas pelo mundo.

Um dos principais objetivos de organizar a Aliança foi estabelecer padrões para orientar o desenvolvimento do Lixo Zero no mundo. Além da criação da primeira definição internacional aceita do conceito “Zero Waste”, visando ajudar as empresas e as comunidades a definir seus próprios objetivos para o gerenciamento de seus resíduos.

Segundo o ZWIA, para que empresas e comunidades sejam consideradas bem sucedidas na implementação do programa, elas precisam desviar de aterros e incineradores mais de 90% do seus resíduos.

Saiba mais sobre o Movimento Sou Resíduo Zero e sua gestão de resíduos da Casa Cor, veja nosso vídeo, na nossa página do FaceBook.

Como forma de tentar evitar e minimizar os impactos causados pelos resíduos, iremos compartilhar com vocês algumas dicas do Movimento Sou Resíduo Zero, que poderão ser aplicados em seu negócio.

Tornando seu negócio Sou Resíduo Zero

Iremos compartilhar com vocês algumas ações baseadas nos princípios do Movimento Sou Resíduo Zero e que podem ser aplicadas em seu negócio. Esses podem ser os primeiros passos para mudar a maneira com que você e seu negócio tratam os resíduos.

Antes mesmo de começar a pensar na destinação corretas dos resíduos devemos pensar em como evitar sua geração, ou seja, identificar quais são as possíveis oportunidades para diminuir o consumo e o descarte dos resíduos dentro da empresa. E isso pode estar relacionado com novas políticas de materiais impressos, distribuição de canecas aos funcionários e a escolha de produtos a granel. O bom planejamento e a avaliação da necessidade são essenciais para que sejam evitadas compras e a utilização de materiais.

Engaje todos para novas práticas relacionadas ao consumo de papel. Uma opção pode ser disponibilizar aos funcionários e clientes a versão digital de informativos, documentos e boletos, evitando a impressão desnecessária. Caso seja necessária a impressão, utilize o papel frente e verso e com certificação FSC.

Tratando-se agora dos resíduos, o primeiro passo é reconhecer a tipologia dos materiais que são gerados dentro de seu negócio e disponibilizar lixeiras identificadas para cada um deles, ou pelo menos, separá-los entre materiais recicláveis e orgânicos. Separar os resíduos direto na fonte, facilita que os mesmo sejam destinados corretamente para a reciclagem e compostagem.

Isso permite que os materiais estejam mais limpos e facilitem o processo na hora de enviá-los para recicladoras ou cooperativas de catadores. Materiais sujos com alimentos dificilmente serão reciclados, mas sim, jogados como rejeito.

Nessa fase, também é importante realizar treinamentos e conversas com aqueles que estão envolvidos direta e indiretamente com os resíduos (funcionários, equipe de limpeza, manutenção, etc) alinhando com todas as partes os tipos e locais de separação, armazenamento e procedimentos a serem tomados para tratamento dos resíduos. É importante que todos tenham consciência de sua importância dentro do projeto.

Invista em uma boa identificação visual para suas lixeiras, deixando claro o que deve ser jogado em cada um dos recipientes.

Os resíduos potencialmente recicláveis podem ser destinados à recicladoras ou cooperativas de catadores. Já os resíduos orgânicos devem ser compostados. A Compostagem institucional é a melhor solução, já que composteira no próprio local dispensa o serviço de coleta e transporte. O adubo gerado passa a ser utilizado no próprio local no paisagismo e abrindo precedente para montar uma horta. O tratamento dos resíduos orgânicos é bastante importante, considerando que muitas das vezes eles podem representar mais de 60% dos resíduos gerados.

Saiba mais sobre compostagem institucional e como levar essa prática para sua empresa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *