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Mulheres enfrentam barreiras na “nata” da ciência do clima

Não é mais novidade e tem sido tema frequente de debates o desequilíbrio de gênero na ciência, especialmente nas ciências naturais. Mas mesmo quando mulheres atingem um nível alto e são respeitadas no meio científico podem estar em desvantagem. Um artigo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences revela as barreiras de gênero no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês), autoridade máxima de ciência quando o assunto é clima. E, como em qualquer outro tipo de trabalho, as barreiras podem ser maiores para um determinado tipo de mulher: as jovens, as não brancas, as que têm filhos pequenos e as que têm como origem países em desenvolvimento.

As pesquisadoras Miriam Gay-Antakia e Diana Livermanum, da Universidade do Arizona, aplicaram um questionário entre 111 cientistas mulheres do IPCC e 70% delas concordam que não houve representação equilibrada entre homens e mulheres nos capítulos em que trabalharam no relatório. Quando questionadas sobre barreiras percebidas para outras pessoas, e não como uma dificuldade pessoal, 75% identificaram barreiras de idioma (no caso, o inglês, idioma em que são conduzidos os trabalhos), 37,5% perceberam uma barreira de gênero para outras mulheres e 28% perceberam a barreira racial.

Entre as respondentes, 72% se identificaram como europeias ou brancas, mais da metade atuante no campo das ciências naturais. Perguntadas especificamente sobre suas dificuldades na ciência do clima, 41% consideram gênero como uma barreira, e 43% acreditam que as cientistas não são bem representadas na comunidade de cientistas do clima. Ainda assim, mais de 80% consideram ter sido tratadas com respeito por seus pares masculinos no IPCC.

As pesquisadoras observam que entre as respostas subjetivas, nas quais as respondentes puderam informar mais detalhes sobre sua participação no IPCC, os sinais são mais pessimistas. Algumas relatam que os grupos de cientistas no Painel são impenetráveis, que o processo é dominado por homens referendados por outros homens, chegando a relatos de que alguns pontos de vista eram menos considerados que outros, tornando informações de algumas regiões mais relevantes que de outras na discussão.

Um terço das respondentes apontaram o cuidado com os filhos e responsabilidades com a família como uma barreira, além de relatos de falta de tempo, uma vez que os encontros são presenciais, muitas vezes em lugares remotos. Uma pressão adicional é que nem todas conseguem liberação no local de trabalho para participarem das reuniões do IPCC, apesar de sua relevância, obrigando-as a abrir mão de parte da remuneração ou de parte das férias.

Com base nas respostas, o artigo apresenta algumas recomendações ao IPCC, entre elas encorajar participação remota, reduzindo o número de viagens (o que seria bom também para o clima, evitando emissões de gases de efeito estufa da aviação); convidar mais mulheres à participação, para aumentar o tamanho do grupo de candidatas qualificadas; certificar-se de que as mulheres têm apoio financeiro para a viagem ou remunerar o trabalho nos casos em que é preciso usar as férias; convidar mulheres jovens a participar como observadoras ou cientistas em capítulos; encontrar maneiras para que as mulheres não tenham que escolher entre participar do IPCC ou ter uma família; e assegurar que as mulheres autoras sejam incluídas em relatórios de síntese e resumos para formuladores de políticas, relatórios para a Conferência das Partes das Nações Unidas e em publicações relevantes resultantes dos relatórios do IPCC.

As autoras reconhecem que o cenário está melhor do que no passado: no primeiro relatório do IPCC, em 1990, as cientistas eram menos de 5%. Nos mais recentes, passaram dos 20%. No relatório especial com cenários para o aquecimento da Terra em 1,5 ºC, ainda em produção, 38% são mulheres, com aumento de representantes em posições de liderança.

   Fonte: Página22

 

 

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