Fonte: Razões para Acreditar
Na hora de cozinhar, é tão prático usar os eletrodomésticos atuais que nem passa pela nossa cabeça que, ainda hoje, mais de três bilhões de pessoas dependem de fogões a lenha para cocção, segundo aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, o projeto Fogões Eficientes faz uso da tecnologia para não só preservar o meio ambiente mas beneficiar a qualidade de vida das famílias. Nos últimos oito anos já beneficiou 6 mil domicílios do Recôncavo Baiano e agora está em expansão para chegar a 25 mil pessoas.
Explicando a coisa toda, fogões convencionais a lenha demandam um volume excessivo de madeira, e a fumaça proveniente do processo de queima resulta em graves problemas de saúde, afetando principalmente pulmões e olhos e, especialmente, mulheres e crianças. A situação é tão séria, que segundo a OMS, doenças devido a inalação contínua de fumaça matam prematuramente cerca de 4 milhões de pessoas no mundo.
Em terras tupiniquins, estima-se que 3 milhões de domicílios de baixa renda, principalmente no meio rural, ainda fazem uso deste recurso para cozinhar, muitas vezes por não ter condições de comprar e/ou manter os movidos à gás. A iniciativa realizada pelo Instituto Perene e com financiamento da Natura contribui para a construção de “fogões eficientes”, que embora continuem sendo a lenha – de onde sai uma comida caseira maravilhosa – têm como vantagem uma redução significativa no uso da madeira por conta da tecnologia implementada.
O processo acontece por meio de uma câmara de combustão que possibilita um processo de queima da lenha com o mínimo de fumaça, expelida por meio de uma chaminé. Os moradores arcam com os custos dos materiais – areia, cimento e cerâmica – necessários para a montagem da estrutura do novo forno, e a organização disponibiliza os componentes técnicos e a mão de obra.
A estimativa é que, com a troca dos fogões de mais 1.880 casas, haja a redução de aproximadamente 108 mil toneladas de emissões de gases de efeito estufa durante os 10 anos de vida útil dos fogões. Isso é o equivalente às emissões de um automóvel movido a gasolina em cerca de 18 mil voltas na Terra. As medidas evitam também o desmatamento da Mata Atlântica e os problemas de saúde relacionados à fumaça. São pequenas mudanças com grandes impactos.
Uma das primeiras beneficiadas pelo projeto, Crispina Bispo Barbosa, que vive no município de Maragogipe, logo percebeu o impacto da mudança e se tornou parceira do Instituto Perene, passando a cadastrar outros moradores da região a ser contemplados. “Percebi que isso melhora também a autoestima das mulheres, que ficavam com as unhas e as roupas cheias de carvão. A gente fazia os fogões de qualquer jeito, tinha muita fumaça pela casa toda, gastava muita lenha e saía muito fogo, mas pouco calor”, conta. Atualmente, mais de mil famílias que vivem na localidade de Crispina já cozinham nos fogões eficientes.
O que você irá deixar para o mundo?
Conheça o Sou Resíduo