Canudos, sacolas e garrafas pet são os plásticos descartáveis mais vilanizados atualmente em campanhas de defesa do meio ambiente, mas o problema maior é a grande dependência humana do polietileno. Do transporte aos serviços de alimentação, o plástico está em toda parte, e o combate a essa “poluição branca” levará a uma mudança radical no próprio material.
Felizmente, cientistas, engenheiros e designers estão mudando o foco para alternativas sustentáveis que criam ecossistemas circulares com menos desperdício – madeira líquida, uso de algas marinhas em sistemas de isolamento térmico e substitutos para polímeros feitos de amido de plantas fermentadas, a exemplo do milho e da batata.
Veja abaixo algumas alternativas que apontam para novos caminhos em questões como abrigar adequadamente uma população crescente, compensar as emissões de carbono e devolver nutrientes à terra.
Um compensado mais verde
Apesar do que parece, o compensado de madeira, usado em móveis em todo o mundo, não tem assento no panteão da construção verde. A cola usada para aglutinar as fibras de madeira contém formaldeído – uma substância incolor, inflamável, de cheiro forte e conhecida como irritante respiratório e carcinogênico. Isso significa que sua prateleira de madeira falsa está silenciosamente liberando toxinas no ar.
A empresa NU Green criou um material feito de resíduos industriais ou fibras de madeira recuperadas. O Uniboard, como é chamado, preserva árvores e reduz o lixo de aterros sanitários enquanto produz menos gases do efeito estufa do que o tradicional compensado de madeira – e não contém toxinas. A empresa é pioneira no uso de fibras renováveis como caules de milho e lúpulo e sem adição de resina de formaldeído para servir de cola.
Placas de madeira contém colas que podem liberar vapor tóxico de formaldeído.
Tijolos de urina
A fabricação do cimento, principal ingrediente do concreto, é responsável por cerca de 5% das emissões de dióxido de carbono do mundo. Por isso, pesquisadores e engenheiros trabalham para criar alternativas com menos gasto de energia. Entre as opções estão tijolos feitos a partir dos restos de produção de cerveja, concreto modelado a partir de quebra-mares romanos (misturas de cal e rocha vulcânica que formam um material altamente estável) e tijolos feitos de… urina.
Como parte de sua monografia, o estudante da Faculdade de Arte de Edimburgo Peter Trimble trabalhava em uma exposição que tratava de sustentabilidade. Quase que por acidente, ele criou o Biostone, uma mistura de areia, nutrientes e ureia – substância da urina humana.
Por um ano, Trimble testou centenas de fórmulas em que acrescentava uma solução bacteriana a areia em um molde. Eventualmente, os microrganismos metabolizaram a mistura de areia, ureia e cloreto de cálcio, colando as moléculas de areia.
O design de Trimble substituiria métodos de uso intensivo de energia por um processo biológico que não produz gases de efeito estufa. O material ainda precisaria ser reforçado para ter a mesma resistência que o concreto, e, se for possível, ele poderia se tornar uma opção barata para se construir estruturas temporárias.
De todo modo, a Biostone já gerou uma discussão sobre maneiras pelas quais a manufatura industrial pode se tornar mais sustentável. Isso seria particularmente relevante na África Subsaariana e em outros países em desenvolvimento onde a areia está prontamente disponível.
Esses tijolos biológicos têm, no entanto, uma desvantagem ambiental: o mesmo metabolismo bacteriano que os solidifica também transforma a ureia em amônia, o que pode poluir as águas subterrâneas se vazarem para o meio ambiente.
Fonte: G1