Fonte: Terra
Estudantes do ensino médio de escolas públicas de Manaus criaram pranchas SUP (Stand Up Paddle) com garrafas PET e outros produtos recicláveis, como CDS e canos de PVC. Os praticantes da modalidade esportiva, que lembra o surf, ficam em pé na prancha e remam em mares e rios. Os cientistas juniores, como são chamados, deram uma destinação sustentável a esse material que é considerado lixo e geralmente descartado de forma inadequada no meio ambiente.
O trabalho faz parte de dois projetos desenvolvidos na Escola Estadual Senador Petrônio Portella: o Pró-Engenharias, Programa Estratégico de Indução à Formação de Recursos Humanos em Engenharias no Amazonas e o RH-TI, Programa Estratégico de Indução à Formação de Recursos Humanos em Tecnologia da Informação. As iniciativas contam com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
O professor de Química Obenésio Aguiar idealizou a prancha ecológica junto com os alunos. Ele explica que a ideia era desenvolver o projeto integrando as disciplinas de matemática, física e química com foco na sustentabilidade. “Como é um projeto para desenvolver a parte interdisciplinar, pegamos um problema: o problema ambiental. Como é química, trabalhamos com a PET, que é um processo de polimerização (reação química) dentro da química orgânica”, disse o professor.
Após a escolha do produto a ser utilizado, o grupo fez pesquisas para definir qual seria o experimento. “A partir daí, fomos ver soluções para a questão da problemática da cidade de Manaus, coisas que já foram feitas e nós pesquisamos na internet. Esse projeto da prancha de SUP não é pioneiro nosso, mas no norte ele nunca foi desenvolvido e eles acharam muito interessante. Nós meio que já os induzimos a pensar como universitários, a resolver problemas”, explicou o professor.
Para viabilizar o projeto, cerca de 40 estudantes fizeram um mutirão que recolheu mil garrafas PET das ruas e igarapés de Manaus. Com esse material, foi possível construir seis pranchas de SUP, com tamanhos e formatos diferentes, que foram testadas com sucesso no Rio Negro pelos próprios alunos. “Antes, eles também fizeram um teste na piscina da escola para ver a resistência da prancha. Corrigiram os erros, fizeram um relatório dentro dos padrões da ABNT (Associação Brasileira de Nornas Técnicas). Uma das pranchas, inclusive, foi formatada para crianças e animais domésticos. Um cachorro também participou dos testes.
“Uma das partes legais do projeto é a conciliação entre a reciclagem e ao mesmo o lazer que isso promove. Porque a gente acaba tirando alguma coisa que polui e transforma num lazer, aproveitando isso”, disse o estudante Lucas Tabosa, que cursa o 3º do Ensino Médio no Colégio Militar Áurea Pinheiro Braga.
Os participantes do projeto foram selecionados a partir da nota em um processo seletivo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), para preparar futuros engenheiros e especialistas em tecnologia da informação. A estudante Juliana Cavalcanti, da Escola Estadual Homero de Miranda Leão, tem 17 anos, e sonha em cursar engenharia civil. Para ela, a iniciativa vai facilitar a vida acadêmica.
“Foi bem legal, porque a gente aprendeu bastante. Aprendemos a usar técnicas. O projeto também ajudou muito na parte teórica. Tivemos que fazer um trabalho científico. Muitas pessoas não tem a base pra ir pra Faculdade, e quando chega lá fica bem perdido. A gente não. Temos uma facilidade maior porque é bem pesado o curso”, afirma Juliana.
Ainda de acordo com o professor Obenésio, a expectativa é que o experimento com as pranchas ecológicas não fique restrito ao âmbito escolar. Ele informou que já existe a ideia de se criar um projeto com o apoio do governo, de aluguel das pranchas ecológicas, como forma de gerar renda para os estudantes.
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