Fonte: Página 22
Nos últimos cinco anos, a Dinamarca reduziu em um quarto o desperdício de alimentos, segundo dados recentes do governo e do Conselho de Agricultura e Alimentação do país, que reúne representantes da cadeia da indústria alimentar. Isso representou uma economia de 4,4 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de R$ 2,7 bilhões). Hoje os 5,7 milhões de dinamarqueses descartam cerca de 700 mil toneladas de alimentos a cada ano, sendo 260 mil toneladas associadas às perdas domésticas.
A redução pode ser atribuída ao engajamento da sociedade, capitaneada por organizações de consumidores, sobretudo a Stop Spild af Mad (Pare de Desperdiçar Alimentos). Ela vem promovendo uma intensa campanha nacional de conscientização que ajudou a mudar o comportamento da indústria de alimentos, dos restaurantes, dos supermercados e das famílias. Há poucos dias, a rede de rádios públicas americanas NPR contou, como Claus Holm, um célebre chef de cozinha local, ajuda a promover essa cultura, fazendo demonstrações públicas de como produzir iguarias com folhas murchas, pão amanhecido e carne de coloração meio suspeita.
Os restaurantes também se engajaram nesse esforço. Mais de 300 ganharam o selo Refood, que atesta que eles estimulam seus clientes a levarem para casa os restos da refeição. A Stop Food Waste fez uma parceria com a Unilever para doar a esses restaurantes embalagens para viagem.
Os supermercados, por sua vez, contrataram especialistas em redução de desperdícios que traçam estratégias para evitar que determinados produtos fiquem encalhados e promover a venda de alimentos com data de validade perto de expirar. Signe Frese, gerente de meio ambiente da Coop, uma das maiores redes de supermercados do país, declarou recentemente que todos os seus produtos são vendidos antes de expirarem.Também estão sendo abertos estabelecimentos dedicados à venda de alimentos rejeitados pelas lojas convencionais, como latas amassadas ou com rótulos borrados. É o caso do WeFood, supermercado tocado por voluntários que será inaugurado em Copenhague no final deste ano. A expectativa é que ele venda alimentos entre 50% e 70% mais barato que seus concorrentes tradicionais e o que for arrecadado será enviado para campanhas filantrópicas na África.