Fonte: Deutsche Welle
Muitos países estão exibindo na conferência COP23, em Bonn, os seus sucessos no combate à mudança do clima global. Mas isso faz com que sejam mais verdes?
O Índice de Desempenho na Mudança Climática (CCPI, na sigla em inglês) 2017, divulgado nesta quarta-feira (15), lista 56 nações e a União Europeia de acordo com suas emissões de gases-estufa, desenvolvimento de energias renováveis, uso energético e política para o clima. O relatório é publicado pela ONG ambiental alemã Germanwatch e a rede Climate Action Network.
Suécia, Lituânia e Marrocos obtiveram as melhores cotações, cabendo as piores a Coreia do Sul, Irã e Arábia Saudita. Como no ano anterior, a Alemanha teve uma colocação relativamente modesta, em 22º lugar, especialmente devido a seu uso maciço de carvão mineral.
Outros países desenvolvidos, como Canadá, EUA e Japão, aparecem entre os dez últimos colocados.
O Brasil é 19º – o primeiro país na categoria desempenho mediano. O relatório atribui o posicionamento ao uso de energia hidroelétrica, que ajuda a limpar o mix energético nacional. Porém, o texto destaca que nos últimos cinco anos o país fez muito pouco para cortar suas emissões.
A boa notícia é que o crescimento médio das emissões de CO2 caiu, em relação ao CCPI 2016. Por outro lado, nenhum país se comportou de modo a merecer o predicado “muito bom”.
Apesar de a Suécia liderar a lista, graças a uma queda das emissões e alta percentagem de fontes renováveis em sua matriz energética, ainda lhe falta ambição. Segundo os autores do relatório, as metas do país escandinavo para a energia renovável até 2030 não bastarão para manter o aquecimento global abaixo de 2ºC em relação à era pré-industrial.
Marrocos, por sua vez, está em ascensão, tendo promovido intensamente a transição para a energia renovável, que agora está implementando. A previsão é que nos próximos anos a nação norte-africana alcançará rankings ainda mais altos.
O primeiro a ancorar a redução de emissões em sua legislação nacional foi o Reino Unido, em 2008. Isso ajudou o país a avançar, pois, pelo menos nesse aspecto, a política energética não está à mercê dos caprichos de quem quer que chefie o governo.
“Reduzimos as emissões carbônicas em 40% desde 1990, enquanto a economia cresceu 70%”, disse Nick Bridge, representante especial de Londres para a mudança climática. As taxas cobradas sobre o CO2 estiveram entre os principais motores do sucesso britânico.
“Fomos de 40% de carvão em nossa geração de eletricidade, cinco anos atrás, para quase nada”, acrescentou. No ano corrente, o país, que ocupa a 8ª colocação no CCPI, conseguiu ter até mesmo um dia de emissão zero. O bom desempenho se deve também à produção de energia eólica offshore, em que o Reino Unido é campeão mundial, e uma guinada em direção à economia circular.
No entanto, segundo o relatório apresentado na COP23, “as metas do país para 2030, em emissões e energia renovável, não são suficientemente ambiciosas para uma trajetória bem abaixo dos 2ºC”.
Como coanfitriã da conferência internacional do clima, a Alemanha desfila seu inventário de fontes de energia limpa. Na prática, porém, o país segue sendo um dos dez maiores emissores do mundo, estando ameaçado de descumprir suas metas climáticas.
Embora os alemães se comprometam a reduzir em 40% seus gases-estufa até 2020, as medidas atualmente adotadas só bastarão para uma redução de cerca de 30%. Uma enorme indústria de linhita e o setor de transporte são os maiores obstáculos ambientais do país.
“O carvão não tem futuro, o mundo está se afastando dele. A Alemanha tem que seguir a tendência”, apelou Eberhard Brandes, da WWF Germany. “Senão, nós nem seremos um modelo a ser seguido, nem vamos cumprir nossos compromissos internacionais.”
Os autores do Índice de Desempenho situam a Rússia entre os últimos da lista climática, devido a suas emissões elevadas e pouco uso de energias renováveis. O país possui a maior reserva de gás natural do mundo, assim como algumas das maiores de carvão e petróleo.
Esse fato não impediu Alexey Kulapin, diretor do Departamento Estatal de Política de Energia em Moscou, de afirmar, numa coletiva de imprensa na COP23, que o sistema russo é um dos mais verdes do planeta.
“O gás natural responde por mais da metade das fontes energéticas da Rússia, e todos sabem que gás é uma das fontes mais ecológicas”, insistiu. Segundo os especialistas, o país carece de ambição na política climática doméstica e tem um longo caminho a percorrer, até melhorar sua colocação no CCPI.
Com um emprego extremamente reduzido de fontes renováveis, a Coreia do Sul consta em antepenúltimo lugar na lista. “Temos que incrementar nossas energias renováveis, mas com sabedoria”, explicou Yoo Young-sook, diretora da ONG The Climate Change Center.
Ela teme que um abandono drástico da energia nuclear só acarretará o aumento das emissões de combustíveis fósseis: para seu país, as fontes renováveis ainda são coisa do futuro, reconhece a ex-ministra do Meio Ambiente da Coreia do Sul.
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