lguém se lembra do drops Dulcora? Aquele com a embalagem laminada toda colorida, com balas quadradas verdes, amarelas, azuis, vermelhas, embaladas uma a uma. E a cartilha Caminho Suave, escrita pela educadora Branca Alves de Lima, lançada em 1948 e que, no decorrer de meio século, ensinou 40 milhões de brasileiros a ler e escrever? Tem ainda o índio Caramuru, que embalava as caixas de biribas, estrelinhas, rojões e fogos de artifício da tradicional fábrica de fogos de artifício fundada em 1915, em Jacareí (SP).

Quem não se lembra, mas já ouviu falar, vai viajar no tempo ao visitar a mostra Papéis Efêmeros, Memórias Gráficas do Cotidiano, no pátio de exposições do Sesc Ipiranga, em São Paulo. São mais de 500 rótulos e embalagens que pertencem ao acervo do Museu Paulista da USP, o conhecido Museu do Ipiranga, que, embora fechado para reforma e restauração até 2022, vem desenvolvendo exposições e atividades educativas em diversos espaços da cidade.

A clássica didática da alfabetização através da memória gráfica é mostrada na exposição – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A curadoria é da professora Solange Ferraz de Lima, diretora do Museu Paulista, e do professor Chico Homem de Mello, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “São peças gráficas que apresentam hábitos e costumes dos brasileiros entre os séculos 19 e 20”, explica Solange. “A palavra ‘efêmero’ é um termo de origem grega e significa coisas para durar um dia ou pouco tempo. Papéis efêmeros cumprem um papel importante, de comunicar, de informar, de emocionar, seduzir para o consumo.”

Não dá para imaginar um mundo sem rótulos.”

A mostra vem atraindo um público diversificado. Há os designers, publicitários, arquitetos, educadores, artistas, profissionais, pesquisadores e estudantes. Mas o interessante é a visita de pessoas atraídas pelas recordações e, especialmente, a curiosidade que desperta entre as crianças. “São muitas as funções lúdicas, os ritos de passagem que a mostra destaca”, observa Solange. “O que as peças têm em comum são o fato de o design, muitas vezes, não ser assinado e o uso de técnicas que já desapareceram, como a litografia e a tipografia, além de essas peças lidarem com vários sentidos efêmeros, permitindo uma reflexão sobre o tempo.”

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A cartilha Caminho Suave: meio século de alfabetização – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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A maior parte do acervo vem da Coleção Egydio Colombo, que foi doada para o Museu Paulista em 2003. Na exposição, há um vídeo com o depoimento do arquiteto Egydio Colombo Filho, formado pela FAU, contando como começou a sua coleção de rótulos, embalagens e etiquetas. Um documentário sobre o fascínio com que os rótulos, os desenhos e as fotografias vão integrando o imaginário de diversas gerações. “Foi um alívio muito grande quando doei o acervo ao Museu do Ipiranga, um lugar especial na minha memória. Fiquei muito, muito feliz por estar dividindo esse legado”, observou. “Não dá para imaginar um mundo sem rótulos.”

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O drops Dulcora, com balas coloridas embaladas uma a uma, faz parte do imaginário popular – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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Para a exposição Papéis Efêmeros: Memórias Gráficas do Cotidiano, o curador Chico Homem de Mello selecionou papéis de balas, santinhos católicos, rótulos de aguardentes, caixas de fósforos e embalagens de maços de cigarros, entre outros itens. “Nós fomos reunindo o material completado por coleções particulares. E, dessa forma, expandimos o sentido de efêmero”, explica o professor. “Além dos itens de descarte rápido, estamos trazendo mídias que desapareceram, como as partituras com capas ilustradas utilizadas em saraus ocorridos entre as décadas de 1910 e 1930, assim como catálogos de moda do Mappin e cadernos de caligrafia.”

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A exposição Papéis Efêmeros apresenta 500 rótulos e embalagens que pertencem ao acervo do Museu Paulista da USP – Foto: Cecília Bastos /USP Imagens

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A exposição ocupa uma área externa do prédio do Sesc Ipiranga, muito bem organizada, que permite ao visitante observar a coleção por temas. Os itens foram agrupados nos seguintes eixos: Consumo, Educação e Cultura. Há também dois eixos transversais: Técnicas de Impressão e Design. O público poderá refletir sobre a passagem do tempo, cada vez mais célere. Interessante ver, por exemplo, o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa em uma das vitrines. Consultar e folhear o livro amarelo impresso em fins de 1975 já é uma ação do passado.

A exposição Papéis Efêmeros: Memórias Gráficas do Cotidiano fica em cartaz até 26 de agosto, de terça a sexta-feira, das 9h às 21h30, aos sábados, das 10h às 21h30, domingos e feriados, das 10h às 18h30, no Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, em São Paulo). Entrada grátis. Mais informações podem ser obtidas no site do sesc.

Fonte: Jornal da USP

06/07/2018

Museu Paulista e Sesc Ipiranga apresentam “Papéis Efêmeros”

lguém se lembra do drops Dulcora? Aquele com a embalagem laminada toda colorida, com balas quadradas verdes, amarelas, azuis, vermelhas, embaladas uma a uma. E a cartilha Caminho Suave, escrita pela educadora Branca Alves de Lima, lançada em 1948 e que, no decorrer de meio século, ensinou 40 milhões de brasileiros a ler e escrever? Tem ainda o índio Caramuru, que […]
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