Fonte: Folha Pé
Levantamento evidencia necessidade de mudança. A Capital produz mais de 60 mil toneladas por mês.
Mais de 98% do lixo produzido da Capital pernambucana não é destinado ao sistema de reciclagem. A informação integra um levantamento produzido pelo Observatório do Recife (OR) e evidencia a necessidade de mudanças. Segundo o órgão, os recifenses enviam apenas 1,37% de seus descartes para o processo de reaproveitamento, quando o desejável seria pelo menos 30%. Na Cidade, os números impressionam: são mais de 60 mil toneladas produzidas todos os meses. A estimativa per capta é de 51kg mensal, número considerado bastante alto e que assinala o pouco interesse dos habitantes quanto ao consumo consciente. A cobertura da coleta de resíduos ainda deixa de fora cerca de dez mil domicílios, o que corresponde a 21% do total existente do município.
O descarte acaba sendo feito na rua, nos rios e canais. A degradação ambiental preocupa. E quem precisa do lixo para obter o sustento acaba sem vez. A coleta seletiva é o primeiro e o mais importante passo para fazer com que os resíduos sigam seu caminho para a reciclagem ou destinação final correta. Conforme o IBGE, apenas 15,4% das residências do Estado separam materiais biodegradáveis e não degradáveis. O percentual, apesar de baixo, é o segundo maior do Nordeste, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte.
“É uma questão de educação de base aliada à responsabilidade. Entender que o que já não me serve pode dar vida a algo novo. As políticas públicas são incipientes e não despertam o interesse nas pessoas. Faltam campanhas, transporte de qualidade, tecnologia de separação e todo um conjunto operacional”, explica a pesquisadora do OR e consultora ambiental, Danuza Gusmão.
Segundo ela, que se especializou na temática de resíduos sólidos, os dados de alguns pontos do Recife se mostram conflitantes. “Temos ocupações irregulares e comunidades carentes, algumas delas margeando os rios e também desprovidas de esgotamento sanitário.”
Conforme os índices elencados pelo OR, existem 2.242 pessoas trabalhando com coleta e manipulação do lixo, sendo que apenas 100 estão cadastradas no sistema de coleta seletiva do município. Um percentual de apenas 4,47% recebe as orientações cruciais para uma destinação correta. “Quando tudo acaba seguindo direto para ser incinerado ou aterrado, pulamos uma etapa importante.”
De acordo com a Emlurb, a coleta seletiva é realizada em localidades onde a retirada domiciliar ocorre em dias alternados. O órgão afirma que o serviço é oferecido em 55 bairros, uma vez por semana, de segunda a sábado, a partir das 8h. Também são disponibilizados cerca de 70 pontos de entrega voluntária (PEV) em locais públicos, onde a população pode fazer o descarte de materiais. Toda a coleta seletiva segue para as cooperativas de reciclagem parceiras da Prefeitura. Já o descarte normal das residências, recolhido por caminhões de lixo, segue para o Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) Candeias.
“Os moradores passaram a compreender o seu papel e assim a colaborar conosco. O trabalho é difícil, mas capaz de mudar o lugar onde vivem e todo o planeta”, afirma a diretora-executiva de Limpeza Urbana, Bárbara Arrais. Segundo ela, apenas neste ano, foram recolhidas 1.695 toneladas de recicláveis, o que representa uma média mensal de 211 toneladas.
A realidade dos catadores de materiais recicláveis segue imersa em dificuldades. As cooperativas e associações de triagem deram a eles condições menos insalubres, mas ainda há muito a melhorar.
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