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“No Brasil aprendi que não se deve levar tudo tão a sério”

Fonte: Deutsche Welle

“Sinto muita saudade do Brasil. É só tocar música brasileira que logo fico nostálgica. Fui para lá em 2010, para um intercâmbio em Florianópolis. A ideia era estudar relações internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina por seis meses, mas gostei tanto que acabei ficando um ano.

Além de a universidade ser muito boa, achei a cultura local e a cordialidade impressionantes. As pessoas são muito atenciosas, prestativas e hospitaleiras. É só um estrangeiro abrir a boca que logo alguém pergunta se pode ajudar.

É muito fácil fazer amizades no Brasil. As pessoas logo te integram à vida delas. Dizem: ‘Vamos sair hoje à noite. Quer vir junto?’ Acho que os brasileiros são mais confiantes do que os alemães na hora de abordar alguém. O primeiro contato é mais fácil.

Uma vez eu estava na praia, e começou a chover. Foi na minha segunda ida ao Brasil, em 2015, desta vez para o casamento de uma amiga e na companhia do meu namorado. Um homem passou e disse: ‘Venham comigo, minha casa é logo ali.’ Pensamos: ‘Será que é perigoso? Podemos confiar nele?’ Acabamos indo, e ele realmente só queria evitar que nos molhássemos. Ficamos conversando durante um tempão.

Também acredito que os brasileiros saibam aproveitar melhor a vida. Em Florianópolis, morei na Barra da Lagoa, onde há uma comunidade de pescadores. Eles trabalham muito, saem para pescar às 4h da manhã, mas sabem que a vida não é feita só de trabalho. Aprendi a ter mais tranquilidade, que não se deve levar tudo a sério, e que às vezes é melhor simplesmente deixar estar.

Fiquei muito impressionada com o fato de tantas culturas conviverem juntas. Há gente com raízes africanas, italianas, alemãs. E apesar de, à primeira vista, isso não ter importância, cada um tem a sua história. Acho que a experiência no Brasil e o contato com outras culturas me mostraram que pertencemos todos a um mundo só e me estimularam a trabalhar com cooperação para o desenvolvimento, que é o que faço hoje na Alemanha.

É claro que também tive alguns choques culturais no Brasil. Logo no início, fui convidada para um churrasco, a partir do meio-dia. Tomei café da manhã e, ao meio-dia, eu estava lá. Pensei que comeríamos por volta das 14h. Acontece que as pessoas começaram a chegar às 16h30, e o churrasco só começou a ser feito às 17h, quando eu estava morrendo de fome. Tive que aprender a não ser tão pontual assim.

Outro choque cultural envolveu o samba. Na universidade, tinha roda de samba todo sábado, e uns amigos brasileiros tentaram me ensinar a sambar. Mas você sabe que os alemães são conhecidos por não terem muito talento para dança. Eu tentei, mas acho que não parecia algo muito autêntico (risos).

Aliás, a música foi uma das coisas que mais me impressionou no país, não só o samba, mas também bossa nova e MPB. Antes de ir para o Brasil, eu só conhecia música brasileira das aulas de português, mas é diferente quando você anda pelas ruas e escuta a música.

Acho que a musicalidade é mais presente no Brasil, as pessoas se identificam mais com a música, e é comum ter música ao vivo em restaurantes, por exemplo. E é impressionante como tudo se encaixa quando as pessoas dançam samba juntas.

Foi muito difícil me despedir do Brasil. Das praias, do clima ameno mesmo no inverno, da feijoada com farofa, das pessoas calorosas. Já morei em muitos lugares, como Áustria, Estados Unidos, China e Benim, mas acho que o Brasil tem um significado especial para mim. Foi onde passei mais tempo e onde me senti melhor.

Tanto que a relação com o Brasil se manteve: procurei uma brasileira para fazer tandem (uma espécie de intercâmbio linguístico), fiz um estágio ligado ao país e hoje espero poder estabelecer alguma ponte com ele no meu trabalho. Se eu tivesse a oportunidade de trabalhar no Brasil, iria imediatamente.”

Na série Como o Brasil mudou minha vida, a DW conta a história de alemães que viveram no país.

 

srzz

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