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Exposição em SP reúne 400 brinquedos feitos com sucata urbana

Fonte: Medium

Cerca de 400 brinquedos feitos com sucata urbana poderão ser vistos desde o dia 12 de novembro na exposição “A criança e a imaginação da matéria” que entra em cartaz na A Casa — Museu do Objeto Brasileiro, em São Paulo.

O material é fruto de uma pesquisa feita pelo educador e artista plástico maranhense Gandhi Piorski, que vem sendo realizada há duas décadas. Debruçado sobre o estudo da relação entre brincadeiras, cultura e infância, Piorski já viajou por vários lugares do mundo investigando a construção de brinquedos e o papel deles no aprendizado.

“Comecei esse trabalho como artista plástico, pesquisando em especial a tradição dos mestres de construção de brinquedo, no Norte e no Nordeste do Brasil. Depois, aprimorei a pesquisa durante quase dois anos no Museu do Brinquedo, em Portugal”, lembra o pesquisador. Em Coimbra, ele conheceu um estudo sobre a construção de brinquedos feitos por crianças a partir de materiais naturais, como folhas e sementes.

De volta ao Brasil, em 2004, Gandhy Piorski replicou os conhecimentos que adquiriu em Portugal em trabalhos com crianças do sertão nordestino, analisando a presença direta e indireta dos elementos da natureza (fogo, ar, água e terra) nessas brincadeiras. A primeira parte desse estudo foi lançado em livro ontem, também em São Paulo.

Após a experiência com matérias-primas naturais, Piorski começou a utilizar outros materiais, desta vez oriundos do descarte industrial. “Surgiu de uma inquietação dos educadores que me perguntavam sobre as crianças que estavam na cidade e não tinham a possibilidade de ter contato mais direto com a natureza. Então fui atrás de agentes que pudessem acionar a capacidade criadora com elementos urbanos”, explica o pesquisador.

Ele então criou o conceito de “sucatas inteligentes”, chamando assim os resíduos que “não estão no olhar comum da criança, como garrafa PET e embalagem de iogurte, por exemplo”. “Fomos atrás de matérias-primas que instiguem na criança a imaginação e despertem interesse pela novidade”, conta.

Foi dos resíduos de fábricas e empresas que vieram as bases dos brinquedos. “Mapeei mais de 20 mil objetos de sucata industrial da região metropolitana de Fortaleza, e os coloquei em um ateliê. Entre elas havia roldanas de nylon, peças de máquinas, lâmpadas queimadas de automóveis, cooler de notebooks, chips, teclados, freios de bicicleta e fios de telefonia”, lembra o artista. “Um universo de objetos novos com os quais as crianças não estavam familiarizadas.”

Gandhy Piorski abriu as portas do seu ateliê em Fortaleza para 1300 crianças. E, juntos, construíram mais de 1700 brinquedos — parte deles agora exposta em São Paulo. “Foi muito surpreende. Construíram coisas sobre a visão que têm da cidade”, lembra o pesquisador.
“O interessante é que isso é um trabalho de reciclagem não apenas no sentido de apenas de transformar o lixo em algo útil.

Mas uma reciclagem no sentido de que a criança pode entrar em contato com a matéria do trabalho humano e criar suas narrativas sobre a quantidade de produtos produzidos pelas indústrias, sobre o excesso de resíduos. É um trabalho que abre a perspectiva de uma reeducação sobre consumo e mostrar à criança que ela pode criar para brincar, e não comprar para brincar”, observa o artista.

Maranhense radicado em São Paulo, Piorski agora pretende replicar seus estudos e as ações com crianças na capital paulista. “Abrir essa exposição é o primeiro diálogo desse processo”, afirma.

Serviço:

Exposição “A criança e a imaginação da matéria”
Data: 12 a 17/11
Local: A Casa — Museu do Objeto Brasileiro
Endereço: Av. Pedroso de Moraes, 1216 , Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

 

srzz

 

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