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O luxo do lixo

O luxo do lixo
Fonte: Planeta Sustentável

Dar destino correto aos resíduos que produzimos, seja através de compostagem, reciclagem ou produção de energia, parece ser a receita ideal para quem quer ganhar dinheiro e ajudar o planeta

Meu sobrinho vai fazer vestibular – ou Enem, vá lá -, e eu, mais uma vez, sugeri que escolhesse alguma engenharia ligada ao lixo. Trata-se do segundo sobrinho a quem peço a mesma coisa, sempre sem sucesso. É que me preocupa para onde caminham as coisas, a continuarem desse jeito.

Em visita a uma cooperativa de reciclagem em Ceilândia, eu me dei conta de que ali está a verdadeira indústria do futuro. Sim, porque tudo acaba em lixo, e nós, seres humanos, jamais deixaremos de produzir resíduos.

Claro que já evoluímos o suficiente para aprender o que fazer com os dejetos. Os orgânicos, como tantos donos de chácara nas imediações de Brasília já sabem, produzem boa compostagem para minhocas, adubo para a terra, essas coisas. Em escala, isso pode gerar até gás a ser consumido como fonte de energia.

Já nos resíduos sólidos, a indústria avança ainda mais. Interessante do ponto de vista ambiental, social e econômico, a reciclagem cresce em toda parte. Em Brasília, o governo reinstituiu a coleta seletiva, mas faltam ações de educação ambiental que ensinem as pessoas a limpar os materiais que vão para o lixo reaproveitável. Resultado: só lá naquela cooperativa que visitei, 54% do que chega não presta para nada. Ou por estar sujo, contaminando todo o resto, ou por ser mesmo material inadequado.

Tenho feito esta campanha pelas redes sociais: pessoal, o que é que custa passar uma aguinha nos vidros, plásticos, embalagens de suco ou iogurte que serão descartados? O que custa ensinar os filhos a fazer isso, as colaboradoras domésticas… O que custa, em vez de embolar os papéis, rasgá-los e deixá-los lisinhos para poderem ser reciclados? Nada, mas muitos nem se dão ao trabalho de pensar sobre isso, ou têm preguiça mesmo.

Que bela lição nos sapecaram os torcedores japoneses ao catar o lixo alheio nos estádios da Copa do Mundo, após os jogos! Ganharam de goleada! Com mais educação, teríamos dado menos serviço a eles. Outros turistas andaram limpando as praias brasileiras, coisa que nós mesmos dificilmente nos damos ao trabalho de fazer – bom, bastava não jogar nada na areia. Era só levar uma sacolinha de plástico e coletar pessoalmente o descarte.

Diante do lixo empilhado em enormes fardos naquela cooperativa, após a catação e a triagem e antes do encaminhamento à indústria, antevejo o grande negócio do futuro. Tenho até uma visão profética: quem se debruçar sobre as melhores maneiras de reaproveitá-lo, de lhe dar destinação útil, acumulará grande fortuna. Meus sobrinhos fizeram outras escolhas, mas o big business está ali, ao alcance das mentes pensantes e empreendedoras que o quiserem abraçar.

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